Ano novo, velhos nomes: a Apple protege, o TikTok espia e o Twitter pode piorar. Resumo de notícias AdGuard
Não importa se você já voltou à rotina ou ainda está de férias: queremos te manter a par dos acontecimentos recentes. Por isso, aqui estamos com o nosso primeiro resumo de notícias do ano. E, é claro, os mesmos nomes de sempre aparecem aqui: Meta, Apple, TikTok e Twitter. Esperamos que este ano nos traga mais notícias positivas em questão de segurança e privacidade (até parece...).
Meta pagará um record de US$725 milhões para acabar com o processo da Cambridge Analytica
A Meta dicidiu colocar um fim no longo processo por seu envolvimento com a Cambridge Analytica em 2018 ao pagar US$725 milhões. O acordo, que ainda precisa ser aprovado pela côrte, é o maior de seu tipo, conforme apontado pelos advogados dos acusadores — milhões de Americanos cujos dados pessoais foram coletados pela empresa no Facebook.
A Cambridge Analytica coletou os dados de até 87 milhões de pessoas para criar detalhados perfis psicológicos que poderiam ser usados para propaganda política. Os advogados do Facebook argumentaram que, ao escolher fazer parte da rede social, os usuários efetivamente abdicam do seu direito à privacidade. A côrte, no entanto, chamou esta visão de “errada.” Após a aprovação do acordo, cada usuário do Facebook nos EUA poderão ganhar uma parte dele.
A Meta já pagou US$5 bilhões em multas para o órgão regulador dos EUA devido ao caso da Cambridge Analytica. O CEO Mark Zuckerberg está, ao mesmo tempo, encarando um outro processo, alegando que ele foi pessoalmente responsável pelo mau uso dos dados dos usuários.
Desde que o escândalo veio à tona, a Meta se apresentou com uma nova cara, de quem aprendeu a lição e agora se preocupa com a privacidade das pessoas. No entanto, desde então, vários outros casos foram expostos: o mais recente envolveu a captura de contas de usuários em troco de subornos. A história mostrou que multas passadas não fizeram com o que a Meta parasse de ameaçar a confiança dos usuários e, infelizmente, é difícil acreditar que tudo será diferente desta vez.
A Apple abandonou seu plano de escanear todas as fotos nos aparelhos de usuários
Em um passo que gerou aplausos de defensores da privacidade, a Apple abandonou seu tão criticado plano de criar uma funcionalidade que poderia escanear fotos de usuários do iCloud em busca de material ligado à abuso sexual infantil. A Apple anunciou esta ferramente de detecção pela primeira na segunda metade do ano passado, mas decidiu deixá-la de lado após intesas críticas. Ativistas pela privacidade afirmaram, com razão, que escanear todas as fotos de usuários dos dispositivos da Apple seria uma ameaça à sua privacidade.
“Estamos muito felizes e acreditamos que essa é uma vitória gigante para a nossa defesa da segurança do usuário, sua privacidade e os direitos humanos,” afirmou o Centro pela Democracia e Tecnologia (CDT), um dos grupos que se opuseram à funcionalidade SCAM, em resposta à decisão da Apple.
De fato, a decisão da Apple de não dar continuidade à criação do que poderia ter sido um verdadeiro sistema de vigilância em massa no celular dos usuários é algo positivo. Em uma declaraçõa ao Wired, a Apple disse que acredita que as crianças deveriam ser protegidas de abuso, mas não às custas da privacidade dos usuários. “Crianças podem ser protegidas sem que empresas façam mau uso de dados pessoais,” disse o representante da empresa. E nós não poderíamos concordar mais.
Mais boas notícias da Apple: a criptografia ponta-a-ponta chega aos backups do iCloud
A Apple foi generosa com os seus presentes de Natal. A empresa anúnciou que também vai expandir o número de “categoria de dados” dentro do iCloud protegidas por criptografia de ponta-a-ponta. Isso inclui fotos, gravações de voz, lembretes e talvez, chamando muita atenção, os backups do iCloud. A melhoria na segurança é parte das configurações de Proteção de Dados Avançadas da Apple, disponível para os usuários dos EUA e, no “começo de 2023”, para todo mundo. Este recurso é opcional, o que quer dizer que é preciso ativá-lo.
Além disso, a Apple também se tornará compatível com o uso de chaves de segurança de hardware para autenticação em 2 fatores. Outro recurso de segurança anunciado pela Apple ajudará pessoas que enfrentam altos riscos de segurança a serem protegidas de ataques mais sofisticados. A funcionalidade de Chave de Verificação de Contato no iMessage, se ativada, alertará o usuário se um “adversário excepcionalmente grande” alguma vez “conseguir invadir serviços de núvem e inserir o seu próprio dispositivo para espiar as comunicações criptografadas.”
A Apple já recebeu críticas por deixar os backups no iCloud sem criptografia, o que quer dizer que ela poderia ter acessado cópias de seus dados e compartilhado com as autoridades, como já aconteceu com ao menos um grande caso policial. A nova funcionalidade acabará com essa brecha de segurança, e isso é muito bem-vindo.
O Twitter supostamente quer que você ou compartilhe mais dados, ou pague por uma assinatura
Mas o universo dos gigantes da tecnologia não é só flores. O Twitter supostamente quer forçar usuários comuns a compartilhar sua localização e número de telefone para que sejam utilizados em publicidade direcionada, sem possibilidade de não conceder esta permissão, afirmou o Platformer. Bom, na verdade, existe uma saída, mas ela não é gratuita. De acordo com o Platformer, o Twitter somente permitirá que usuários que pagarem por uma assinatura do Twitter Blue recusem o compartilhamento de dados.
A ironia é que a principal ideia por trás deste plano é compensar as possíveis perdas de receita de anúncios devido ao lançamento do Twitter Blue repaginado, que foi introduzido inicialmente para aumentar os lucros da empresa. O CEO do Twitter Elon Musk disse anteriormente que os assinantes do Twitter Blue veriam a metade do número de anúncios e, uma vez que mais de 90% do lucro do Twitter vem da publicidade, isso poderia acabar com a empresa. De acordo com a Platformer, o mudança será lançada de início a um número limitado de usuários nos EUA para que suas reações pudessem ser analisada.
O suposto plano do Twitter, se verdadeiro, é preocupante. A empresa pode acabar lidando com uma enorme ameaça à privacidade ao não dar escolha aos usuários com relação ao compartilhamento de seus dados para uso publicitário. Embora Musk tenha tentado se distanciar das piores práticas dos gigantes da tecnologia, seu Twitter não é muito diferente do que se vê em outras plataformas, pelo contrário: pode acabar sendo muito pior.
O TikTok admite que seus funcionários rastrearam jornalistas
O TikTok colocou lenha na fogueira das já existentes preocupações com privacidade envolvendo o app. A plataforma admitiu que seus empregados acessaram dados de usuários de jornalistas dos EUA, incluindo seus endereços de IP, em uma tentativa de rastreá-los. Quatro funcionários da empresa irmã do Tik Tok, a ByteDance, que criaram um esquema para rastrear ao menos dois reporteres americanos, foram demitidos, confirmou o TikTok. O objetivo desta missão de espionagem (que falhou) era descobrir se os jornalistas estiveram no mesmo local que os empregados da ByteDance suspeitos de vazar informações internas confidenciais.
O TikTok desculpou-se pelo incidente, chamando isso tudo de “um mau uso atroz da autoridade [de seus empregados] para obter acesso a dados de usuário.” Por mais que o TikTok tenha colocado a culpa do incidente na “má conduta de alguns indivíduos,” isso aparentemente se tornou a gota d'água para que a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos banisse o uso do app por parte de seus funcionários em qualquer dispositivo do governo, devido à “questões de segurança.”
Como qualquer outra rede social que lucra majoritariamente com publicidade, o TikTok coleta uma grande quantidade de dados de seus usuários e, assim representa um risco inerente para a privacidade e segurança. Os dados que compartilhamos nestas redes sociais podem ser vazados, compartilhados com terceiros ou acabarem nas mãos de funcionários inescrupulosos. Estes riscos devem ser levados em conta ao usar redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter, TikTok e outras.
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