Resumo AdGuard: problema de rastreamento da Apple, fim do detector de IA e escaneamento de íris da OpenAI
Nesta edição do resumo AdGuard: França de olho no rastreamento de usuários pela Apple; OpenAI descarta sua ferramenta de detecção de Inteligiência Artificial; hospitais são alertados sobre coleta de dados pela Meta e pelo Google; projeto do CEO da OpenAI gera preocupações de privacidade; e Google e Apple se unem para acabar com o rastreamento por AirTags.
França de olho na Apple por abuso de sua posição para rastrear usuários
Uma agência francesa lançou uma investigação formal para averiguar se a Apple violou a leis antitruste ao rastrear usuários em seus apps nativos. A agência, L’Autorité de la Concurrence, acusou a empresa de Cupertino de “abusar de sua posição dominante ao impor condições discriminatórias, não objetivas e não transparentes para o uso de dados de usuários com propósito publicitário.”
Em outras palavras, o órgão regulador afirmou que a Apple vem usando os dados que coleta em seus próprios aplicativos, como os app Notícias e Bolsa, para rastrear usuários dentro do iOS. Mas, diferente dos aplicativos de terceiros, eles não precisam pedir a permissão do usuário para isso. A Apple insiste que o que está fazendo não é rastreamento, já que os dados estão dentro de sua própria plataforma. No entanto, anunciantes terceiros discordam, acusando a Apple de hipocrisia. A investigação francesa tem como base uma reclamação de 2020 feita pelas “vítimas” da política da Apple, que precisam lidar com uma redução nos seus lucros com publicidade devido à possibilidade de recusar o rastreamento de terceiros a partir de uma notificação da Apple.
Nós já escrevemos sobre como a Apple pretende lucrar com o recurso App Tracking Transparency (ATT). Aparentemente, o órgão regulador francês não está feliz com a justificativa da Apple. Independente do que está por vir, acreditamos que esta ATT é ótima quando se trata da redução do rastreamento, mas gostaríamos que ela não fosse tão obscura.
OpenAI desiste de sua ferramenta de detecção de textos escritos por IAs devido a sua baixa precisão
Para a tristeza de todos os educadores ao redor do mundo, a OpenAI colocou um fim em sua ferramenta que deveria distinguir entre os textos escritos por um humano ou gerados por uma inteligência artificial. Em uma atualização, a OpenAI disse que a ferramenta foi descontinuada “devido a sua baixa precisão.”
A ferramenta, que parecia a salvação dos professores, ficou no ar por meio ano. No entanto, quando consideramos o que foi dito no momento de seu lançamento, era de se esperar que ela não duraria muito tempo. Em janeiro, ao introduzir a ferramenta, a OpenAI avisou que ela não era “100% confiável.” Mas foi pior do que isso: o detector de IA identificou corretamente apenas 26% dos textos escritos por IA, um resultado nada confiável.
Ao anunciar o fim do detector, a OpenAI reforçou que não está desistindo de encontrar técnicas efetivas para distinguir humanos e Inteligências Artificiais, tanto quando se trata de textos, quanto de imagens e vídeos. Isso é uma ótima notícia.
Por mais que a primeira tentativa da OpenAI tenha sido um fracasso, uma ferramenta assim é extremamente necessária não apenas para identificar seu mau uso por estudantes, mas também para prevenir os efeitos negativos das IAs quando se trata de spam, fake news e deep fakes, por exemplo. No entanto, dependendo do quão rápido as IAs se desenvolverem, é de se esperar que estas ferramentas de detecção precisem ser mais complexas, sob risco de se tornarem obsoletas.
Agências dos EUA alertam hospitais: não deixem que a Meta e o Google acessem os dados de seus pacientes
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) dos Estados Unidos e a Comissão Federal do Comércio (FTC) enviaram uma carta para 130 hospitais e provedores de telemedicina nos EUA, pedindo que parem de compartilhar dados sensíveis de pacientes com a Meta e o Google. A carta reafirma que é preciso honrar a obrigação legal de proteção da privacidade e da segurança de informações sensíveis de saúde, como diagnósticos e consultas médicas e não revelá-los para terceiros sem o seu consentimento.
A carta faz parte de uma regulamentação quanto ao uso de códigos de rastreamento que facilitem o monitoramento da saúde de usuários com propósitos de marketing. Uma pesquisa recente revelou que mais de 98% dos hospitais nos EUA adotaram códigos de rastreamentos de terceiros que transferem dados de pacientes para as big techs de forma rotineira para redes sociais, anunciantes e data brokers.
Esta prática foi exposta por uma investigação da Markup no ano passado, o que levou a vários processos contra a Meta por coletar dados de pacientes sem o seu consentimento, utilizando-os para a publicidade direcionada dentro e fora do Facebook. A Meta negou qualquer má conduta e culpou os hospitais por escolherem instalar os rastreadores.
É ótimo ver que os EUA estão tomando uma atitude com relação ao rastreamento sem precedentes que a Meta e o Google realizam em sites que contêm informações muito sensíveis, como é o caso de questões de saúde. O vazamento ou mau uso destes dados pode levar ao roubo de identidade, chantagem e até mesmo humilhação pública. Esperamos que os órgãos reguladores continuem lutando contra este problema e que os hostpitais tomem mais cuidado com as ferramentas de análise de dados que utilizam, priorizando a privacidade dos pacientes e não a sua própria conveniência.
O projeto de escaneamento de íris do CEO da OpenAI traz preocupações relacionadas à privacidade
O projeto de criptomoedas do CEO da OpenAI, Sam Altman, gerou preocupações no Reino Unido, onde um órgão regulador lançou um inquérito relacionado a ele. O projeto, chamado Worldcoin, tem como objetivo a criação de um ID digital único para cada pessoa do planeta terra que pode ser usado para a verificação de identidade online e para a prevenção da personificação por IA. No entanto, a forma como esta idea está sendo implementada foi considerada preocupante por muitos.
Para obter o seu World ID, que pode ser acessado através do app Worldcoin no seu smartphone, você precisa escanear a sua íris com um dispositivo esférico chamado “the Orb” em um dos locais disponibilizados pelo projeto. Como recompensa, você receberá Worldcoins (WLD), uma nova criptomoeda que, segundo espera o projeto, será usada amplamente. O projeto está oferecendo o escaneamento em 35 cidades distribuídas em 20 países, incluindo Londres, onde houve a formação de uma fila de madrugada. As pessoas esperavam pelo escaneamento de seus olhos em troca de US$50 em WLD.
As preocupações relacionadas à privacidade surgem devido à tecnologia de escaneamento de íris da Worldcoin, que potencialmente traz consequências negativas para a privacidade e segurança em casos de vazamentos de dados. O co-fundador da Ethereum Vitalik Buterin levantou alguns destes riscos em um post em seu blog, advertindo que um vazamento dos dados coletados da íris podem revelar informações pessoais, como condições médicas, etnicidade e sexo. Há também o crescente problema de Worldcoin IDs falsos, fomentado por relatos de pessoas em países pobres dispostas a “vender” suas íris ao se registrar no app da Worldcoin e obter a recompensa.
Não sabemos ao certo o que será dessa ideia. Ela parece nobre mas, ao mesmo tempo, parece apresentar várias falhas e incertezas. Nós definitivamente ainda não estamos prontos para escanear nossas íris em troca de criptomoedas.
Seu dispositivo Android (finalmente) irá te alertar caso você esteja sendo rastreado
Uma nova funcionalidade nos celulares Android fará com que você receba notificações automáticas se alguém estiver usando um dispositivo de rastreamento da Apple, chamado AirTag, para te seguir sem a sua permissão. Seu celular Android irá agora te alertar com uma mensagem se detectar um AirTag desconhecido acompanhando seus movimentos. A mensagem te avisará sobre onde e quando o AirTag começou a te seguir, além de te mostrar com desativá-lo através da remoção da bateria. Você também pode fazer com que o AirTag emita um som, sendo assim muito mais fácil encontrá-lo e identificar se pertence a alguém que você conhece ou não. Também será possível escanear a sua proximidade em busca de AirTags. No post linkado acima, o Google afirmou que planeja estender a funcionalidade de detecção para outros dispositivos de rastreamento por Bluetooth.
O propósito do AirTag é ajudar seus usuários a encontrar suas chaves e outros itens perdidos. No entanto, o rastreador ganhou notoriedade na mídia devido a relatos de seu uso para seguir pessoas. Anteriormente, os usuários de Android apenas podiam escanear o ambiente em busca de AirTags através do download do app Tracker Detect da Apple.
O fato de que os usuários de Android agora têm uma forma de evitar o rastreamento indesejado é uma ótima notícia. Este é um raro exemplo de dois gigantes da tecnologia, o Google e a Apple, trabalhando juntos por uma boa causa. Esperamos que isso siga se repetindo no futuro.