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Inaceitável: fotos íntimas tiradas por um robô aspirador são vazadas na internet

Mesmo que você não seja um apaixonado por tecnologia, é provável que você tenha alguns dispositivos "inteligentes" na sua casa. Um robô aspirador, o melhor amigo do homem moderno, provavelmente é um deles. A questão é que eles podem não não só capazes de varrer o chão, mas também de fazer uma varredura completa em seus dados.

As políticas de privacidade da maioria dos robôs assistentes permite que o fabricante colete suas informações para otimizar seus serviços e produtos, se você conceder permissão. Mas quem não quer que o seu aspirador fique cada dia melhor em coletar cocô de cachorro, evitar fios ou não fique preso debaixo da cama? E quantas pessoas de fato leem a política de privacidade antes de clicar em "aceito", não é mesmo? Além disso, pode-se esperar que um algorítmo imparcial processará os dados coletados ou, ao menos, este dado será mantido em posse do fabricante e não será compartilhado com toda a internet. Sem neuras.

iSpy: como um robô aspirador vazou fotos íntimas

Mas isso tudo é apenas parcialmente verdade. Por mais que a Inteligência Artificial esteja a caminho de substituir humanos de uma vez por todas, ela ainda não chegou lá. O MIT Technology Review revelou que a fabricante líder no mercado de robôs aspiradores, iRobot, contratou terceiros para analisar e catalogar os dados coletados pela versão de desenvolvimento de seus robôs da série Roomba j7. A iRobot compartilhou os dados com uma startup chamada Scale AI, que, por sua vez, os compartilhava com subcontratores independentes da Venezuela que os compartilhava no… Facebook e no Discord.

Este empregados mal pagos tinham a tarefa de catalogar mobílias e outros objetos que as câmeras do Roomba capturaram. A maioria das imagens a que o MIT Technology Review teve acesso em grupos privados de redes sociais eram inofensivas: apresentavam portas, prateleiras, armários, luminárias, bancadas etc. Mas várias fotos eram bem mais perturbadoras: uma mulher sentada na privada, com seu rosto visível, ou então uma criança deitada no chão, olhando diretamente para a câmera, o rosto exposto.

O vazamento fez com que uma empresa jogasse a culpa na outra. A iRobot acusou a Scale AI de violar o contrato ao permitir que as imagens fossem postadas. A Scale AI, por sua vez, acusou os trabalhadores venezuelanos de violar seus contratos.

Pode-se argumentar que a iRobot foi vítima de um contrato com uma empresa não confiável. De fato, se os terceiros não tivessem cometido o erro de postar as fotos nas mídias sociais, nada teria vindo à tona. Mas o problema vai muito mais além do que um grupo de trabalhadores que ainda não entenderam o conceito de privacidade: trata-se da quantidade de dados que as empresas de tecnologia de dados obtêm de nós e com quem os compartilham.

A questão do consentimento

Em sua defesa, a iRobot afirmou que o modelo que capturou as imagens comprometedoras não estava sendo vendido em lojas, tendo sido distribuido apenas entre “colecionadores e empregados.” Estas pessoas, afirmou a iRobot, consentiram que seus dados, incluindo vídeos, fossem usados para o treinamento de Inteligências Artificiais. A iRobot, no entanto, não revelou se os voluntários sabiam que seus dados íntimos seriam acessados por humanos. O formulário de consentimento apenas mencionava que os dados seriam compartilhados com “prestadores de serviços,” de acordo com o MIT Review.

A iRobot admitiu ter compartilhado imagens coletadas pelos seus aspiradores com vários provedores de serviços e não somente com a Scale AI, totalizando cerca de 2 milhões de imagens. De acordo com a iRobot, antes de compartilhar os dados, eles filtram imagens em que os usuários estejam nus ou expostos de alguma forma. No entanto, a empresa não explicou por que a imagem da mulher sentada no banheiro foi compartilhada.

O que o seu robô aspirador sabe sobre você

A iRobot afirma não espiar consumidores comuns. Mas, tecnicamente, nada impede que eles coletem grandes quantidades de informações precisas da casa de usuários que sequer podem suspeitar que isso esteja ocorrendo.

Primeiramente, os robôs aspiradores coletam todos esses dados quando mapeiam sua casa, ou seja, criam um mapa detalhado de todos os cômodos de sua casa durante a limpeza inicial. O mapa ajuda o robô a entender a distribuição da casa para que não limpe o mesmo local duas vezes ou acabe preso em algum canto. Quanto mais avançada a tecnologia de mapeamento, mais eficiente será a limpeza. No caso do modelo j7 da iRobot, o aspirador coleta este dado com a ajuda de uma câmera de inteligência artificial, uma alternativa moderna à tecnologia de mapeamento por giroscópio e acelerômetro usada por modelos mais baratos. Ser equipado com uma câmera não apenas dá ao robô aspirador uma vantagem em relação aos seus concorrentes "cegos", mas também carrega riscos óbvios à privacidade, já que pode ver tudo o que se passa ao seu redor e tirar fotos.

Assim, o modelo Roomba j7+ da iRobot pode reconhecer e tirar fotos da sujeira de seus pets ou de cabos sozinho e enviá-las diretamente para o seu smartphone através de um app, se você conceder permissão. Você também pode optar por compartilhar seus dados com a iRobot. Neste caso, as imagens serão criptografadas e enviadas para a empresa, onde um empregado humano irá examiná-las. No caso de imagens de pessoas, o aspirador deveria desligar a câmera automaticamente se um humano ou a foto de um humano estiver visível. Mas, como pudemos observar no relatório do MIT Review, esta ferramenta de segurança nem sempre funciona.

Robôs aspiradores aprenderam a identificar e evitar sujeiras de animais de estimação
Foto: YoonJae Baik/Unsplash

Esta tecnologia permite que robôs aspiradores coletem informações valiosas sobre o seu dia a dia que podem ser muito úteis para terceiros, incluindo empresas voltadas para a publicidade. E isso não inclui somente o tamanho de sua casa, a quantidade de quartos, a existência de um pet (e isso por si só já seria algo muito estranho de se compartilhar com estranhos). O aspirador também pode obter informações sobre a sua rotina diária. Com o iRobot OS, um sistema operacional em núvem para robôs aspiradores, você pode configurar o aspirador para que inicie a limpeza automaticamente após você sair de casa, e interrompê-la quando você voltar. O robô também pode ser pareado com assistentes de voz como a Alexa da Amazon, a Siri da Apple, e o Google Assistant para que responda a comandos de voz.

Como o iRobot OS tem uma base na nuvem, toda essa informação pode ser potencialmente acessada por empregados mal intencionados ou compartilhada com terceiros, como autoridades, por exemplo. E a quantidade de informações que um robô aspirador pode captar é impressionante. O CEO do iRobot, Colin Angle, afirmou à Verge em maio que os aspiradores j7 já detectaram em torno de 43 milhões de objetos na casa das pessoas e aprendeu a identificar e evitar 80 objetos individuais até agora. Isso basicamente significa que o fabricante tem acesso a um verdadeiro tesouro de dados. As questões que ficam são as seguintes: eles serão compartilhados? E com quem?

Amazon e iRobot: um match no inferno da privacidade?

Talvez não seja coincidência que, logo após o iRobot ter otimizado o seu sistema de navegação e repaginado o seu software em nuvem, a Amazon demonstrou seu interesse no produto. Em Agosto desse ano, as empresas assinaram um acordo de fusão, no qual a Amazon pagará US$1,7 bilhões pela iRobot. O acordo, que ainda precisa ser aprovado por órgãos reguladores, é uma bomba para os defensores da privacidade.

Várias organizações voltadas para a privacidade de dados, incluindo a Electronic Frontier Foundation, pediu ao órgão regulador dos EUA que impedisse a aquisição, afirmando que as potenciais consequências da fusão entre a Amazon e a iRobot viria a “destruir a privacidade dos consumidores.”

“Associar os dispositivos iRobot ao já intrusivo home system da Amazon dá brecha para uma coleta de dados ainda maior por parte de dispositivos domésticos interconectados, já que estes dados poderiam incluir detalhes privados sobre os nossos hábitos e a nossa saúde, um perigo para os direitos humanos e segurança,” diz a carta.

Na verdade, a iRobot vem se animando a compartilhar dados com os gigantes da tecnologia mesmo antes do acordo com a Amazon. Em 2017, o CEO da iRobot, Angle, afirmou que a sua empresa poderia compartilhar mapas das casas de consumidores gratuitamente com a Amazon, a Apple e o Google se os consumidores permitirem.

Vale notar que a aquisição pendente da iRobot pela Amazon é apenas uma parte de uma tendência muito maior e, pode-se dizer, terrível.

No ano passado, o Google comprou a empresa voltada para acompanhamento de exercícios físicos Fitbit por US$2,1 bilhões, gerando o mesmo tipo de preocupações com relação à privacidade. No fim das contas, o Google concordou em armazenar os dados do Fitibit separadamente e em não usá-los em seus anúncios por ao menos 10 anos, até que o acordo de aquisição seja revisado pela Comissão Europeia. É você quem decide se quer ou não confiar no Google, mas é fato que, quando se trata de privacidade, o passado nos ensina muita coisa.

Os sensores melhoram, mas o problemas com a privacidade ficam muito piores

Para além dos robôs aspiradores com câmeras, também existem robôs aspiradores que utilizam um laser invisível para coletar informações detalhadas sobre o tamanho dos cômodos e possíveis obstáculos. Esta tecnologia de ponta se chama LiDAR, que significa "Light Detection and Ranging" (detecção de luz e alcance, em português) e é considerada como “o melhor padrão de navegação para robôs aspiradores”. Os robôs com lasers costumam ser mais precisos do que aqueles com câmeras e, tipicamente, são muito mais rápidos. Por mais que eles não consigam capturar a mesma quantidade de dados visuais, eles também representam uma ameaça à privacidade.

Pesquisadores descobriram que os dispositivos que utilizam a tecnologia LIDAR podem ser hackeados, coletando dados de áudio. Mesmo que não tenham microfones físicos instalados, estes robôs aspiradores podem ser reconfigurados para que “espiem conversas e potencialmente revelem informações privadas,” concluíram os pesquisadores das universidades de Maryland e Singapura. Na publicação chamada Robô aspirador espião: escutando através de sensores Lidar, os pesquisadores descreveram como utilizaram um aspirador Xiaomi Roborock para gravar conversas e músicas com uma precisão de mais de 90%.

Aspiradores robôs têm sensores avançados que auxiliam no escaneamento dos arredores para evitar obstáculos
Foto: Elena Mozhvilo/ Unsplash

É inveitável que os sensores fiquem melhores com o tempo, já que a demanda por uma limpeza mais precisa e eficiente deve aumentar. Ninguém quer que o seu aspirador de pó fique preso em fios ou comedores de pets, não é mesmo? Mas, infelizmente, isso implica em um aumento na capacidade de coleta de dados das casas. Além disso, para uma maior precisão, alguns fabricantes consideram instalar múltiplas câmeras em um único dispositivo (por exemplo, na frente e na parte superior), ou usar tanto uma câmera como um sensor laser para a navegação. Isso tudo faria com que pudessem coletar um número ainda maior de dados.

Redução de danos

Dispositivos conectados à Internet representam um verdadeira ameaça à privacidade, e os robôs aspiradores não são uma exceção a essa regra. O fato é que, diferentemente dos assistentes de voz e campainhas inteligentes (que são dispositivos estacionários), os robôs aspiradores podem se mover pelos cômodos e, em alguns casos, tirar fotos dentro de sua própria casa. Isso os torna ainda mais perigosos quando se trata de privacidade.

Por mais que os fabricantes te garantam de que tomam todas as precauções para não permitir o vazamento de informação confidencial dos usuários, sistemas de segurança podem falhar, como visto no caso do Roomba. Por isso, a escolha envolve, por um lado, a privacidade e a segurança e, por outro, a praticidade.

A opção ideal para priorizar a privacidade seria abandonar de vez o aspirador inteligente e substituí-lo por um bom e velho aspirador de pó comum, daqueles que precisamos ligar na tomada e utilizar manualmente. No entanto, por mais que essa opção seja mais segura e barata, ela demanda mais esforço e tempo. Assim, se você está disposto a sacrificar um pouco de sua privacidade por mais praticidade, é importante saber do riscos que isso envolve e seguir algumas regras básicas:

  • Opte por marcas confiáveis com suporte técnico pós-venda para que os seus dados fiquem menos expostos a um potencial descuido;

  • Leia a política de privacidade e os Termos de Serviços (ToS) com cuidado e preste muita atenção nos pontos sobre privacidade. Alguns recursos podem não funcionar a menos que você concorde com algum nível de compartilhamento de dados, mas outros podem não ser essenciais. Não aceite mais compartilhamento de dados do que o necessário para o funcionamento do seu dispositivo;

  • Nós normalmente recomendamos o uso de filtragem DNS para bloquear o acesso a servidores de anúncios e sites que contenham rastreadores. No entanto, quando a coleta de dados faz parte da funcionalidade dispositivo, ela não pode ser restringida sem prejuízos para o seu funcionamento. Isso vale não somente para robôs aspiradores, mas também para outros dispositivos IoT, como assistentes inteligentes.

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