Resumo AdGuard: caça níqueis, extraterrestres e a nova opção de privacidade do Google
Nesta edição do resumo AdGuard: residentes da Califórnia poderão solicitar que corretores excluam todos os seus dados de uma só vez; TikTok é acusado de ser tão viciante quanto jogos de azar; Amazon lança um concurso duvidoso; autoridades dos EUA são encontradas espionando ilegalmente os americanos (mais uma vez); e Google facilita a exclusão do histórico de navegação.
Um clique para excluir: nova lei permite que os californianos removam todos os seus dados de data brokers
A partir de 1º de janeiro de 2026, os californianos poderão obrigar todos os data brokers a apagar seus dados pessoais com uma única solicitação. O projeto de lei, chamado de "Lei de Exclusão", exige que a agência de proteção da privacidade do estado estabeleça um “mecanismo de exclusão acessível” que permitirá aos usuários solicitar que "todo data broker que mantenha qualquer informação pessoal exclua qualquer informação pessoal relacionada a esse consumidor mantida pelo corretor de dados ou pelo prestador de serviços associado ou contratado".
Os data brokers terão que verificar as solicitações de exclusão pelo menos a cada 45 dias. O usuário só precisa fazer uma solicitação de exclusão, e o data broker terá que continuar excluindo suas informações a cada 45 dias, mesmo que o usuário não faça novas solicitações. E, embora os data brokers ainda possam coletar dados do usuário por esses 45 dias, eles são proibidos de vendê-los ou compartilhá-los com terceiros.
Conforme aponta o The Verge, os californianos já podiam solicitar que os data brokers excluíssem seus dados, mas tinham que recorrer a eles um por um, uma tarefa desafiadora. A nova lei simplifica o processo e é uma ótima notícia para os usuários preocupados com a privacidade. Ela também consolida o status da Califórnia como o estado mais progressista dos EUA em termos de privacidade, um status que conquistou ao aprovar a Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia (CCPA), e só podemos esperar que outros sigam o seu exemplo.
Estado dos EUA afirma que o TikTok é tão viciante quanto uma "máquina caça-níqueis"
O estado de Utah apresentou uma ação judicial contra o TikTok, mirando nos algoritmos de recomendação da rede social. O procurador-geral do estado argumentou que os algoritmos do TikTok “alimentam as crianças com conteúdo infinito e altamente personalizado” e os comparou a uma “máquina caça-níqueis cruel que prende a atenção das crianças”.
O TikTok, de propriedade da chinesa ByteDance, tem enfrentado crescente pressão nos EUA devido às suas origens, mas também por sua alegada influência prejudicial sobre as crianças, talvez melhor exemplificada pelos desafios perigosos aparentemente promovidos por seus algoritmos. O debate sobre os alegados perigos do TikTok e das redes sociais em geral desencadeou uma onda de chamadas "leis de identificação nas redes sociais", que exigem que as redes sociais verifiquem a idade de seus usuários, inclusive obrigando-os a apresentar sua identidade digital. Em março deste ano, Utah se tornou o primeiro estado dos EUA a aprovar uma lei de verificação de idade. Segundo a lei, os usuários com menos de 18 anos precisarão do consentimento dos pais para se inscreverem nas redes sociais.
Já discutimos as potenciais armadilhas das leis de verificação de idade que varrem os EUA em nosso blog. Em resumo, essas leis têm o nobre objetivo de proteger as crianças, mas ameaçam a privacidade e a segurança de usuários de todas as idades ao exigir a coleta das informações mais sensíveis dos usuários.
Amazon quer que você espie seus vizinhos e chama isso de "caça a OVNIs"
A marca de câmeras de segurança da Amazon, Ring, está incentivando os clientes nos EUA a enviar vídeos capturados por suas câmeras internas ou externas... que mostrem alienígenas. Sim, você ouviu certo. Os clientes cujos vídeos contenham “evidências científicas de seres extraterrestres” são elegíveis para o grande prêmio de US$ 1 milhão.
No entanto, as regras do concurso, como observado pela Vice, sugerem que a Ring na verdade não planeja conceder o prêmio. As regras afirmam que as “evidências científicas” devem “excluir inequivocamente quaisquer explicações conhecidas ou quaisquer fenômenos baseados na Terra como explicação.” Um critério bastante difícil, senão impossível, de ser atendido, se nos perguntar. No entanto, a Ring diz que se você falsificar avistamentos de alienígenas de maneira convincente o suficiente, poderá ganhar um vale-presente da Amazon no valor de US$ 500 por “criatividade extraordinária”.
O concurso está programado para o Halloween, e não queremos estragar a diversão, mas é difícil discordar do posicionamento da Vice de que o que a Amazon está “se aproveitando da febre dos OVNIs para promover sua vigilância distópica.” A Ring já esteve envolvida em várias controvérsias, incluindo quando foi revelado que qualquer funcionário da Amazon poderia visualizar e baixar todos os vídeos dos clientes da Ring. E embora o concurso possa parecer divertido, ele normaliza o compartilhamento de suas informações privadas com gigantes da tecnologia. E ninguém sabe o que eles podem fazer com os dados que você compartilha. Portanto, obrigado, Ring, mas preferimos ficar bem longe dessa brincadeira.
Novo relatório, mesma história de sempre: funcionários dos EUA espiam usuários ilegalmente
Um novo relatório revelou que as autoridades dos EUA, incluindo a Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP), o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE) e o Serviço Secreto, deixaram de realizar avaliações obrigatórias de privacidade ao comprar dados de localização em massa de americanos de data brokers.
O relatório, divulgado no final de setembro, afirma que as agências violaram a lei federal ao obter os chamados Dados de Telemetria Comercial, ou CTD (um termo jurídico para os dados de localização que compraram de terceiros). Em particular, aparentemente decidiram não gastar tempo fazendo revisões para ver se os riscos de privacidade da compra dos dados eram proporcionais e poderiam ser mitigados de alguma forma. Não é preciso muita imaginação para entender os desdobramentos disso. Em um caso especialmente grave citado no relatório, um oficial da CBP usou o acesso aos dados de localização para rastrear seus colegas sem qualquer necessidade legal de fazê-lo.
O relatório é alarmante, mas não surpreendente. O fato de que os órgãos de segurança dos EUA exploram uma brecha legal para comprar dados de americanos há muito tempo é conhecido. Ainda neste ano, a CBP prometeu parar de comprar dados de localização de smartphones, e acreditamos que a pressão pública e a extensa cobertura midiática da prática foram em parte responsáveis por essa decisão. No entanto, a prática não parou completamente. De acordo com a 404 Media, o ICE afirma que continuará a comprar dados de localização de fontes comerciais apesar das recomendações para parar. Portanto, a menos que leis que proíbam expressamente tais práticas sejam promulgadas sob ameaça de punições severas, é provável que continuem elas continuem ocorrendo sem restrições, se não de forma pública, então às escondidas.
Google facilita a exclusão do seu histórico de navegação recente
O Google deu aos usuários do Android a opção de apagar os últimos 15 minutos de seu histórico de navegação. Antes, eles só podiam excluir os dados de navegação das últimas horas. Embora essa nova opção de controle seja elogiada pelo Google como mais uma maneira de proteger sua privacidade, não crie expectativas muito altas. A pegadinha é que o Google ainda manterá seu histórico de pesquisa e dados de “outras atividades do Google”, que você terá que excluir separadamente.
A nova opção de exclusão ainda lhe dá mais controle sobre seus dados. Quando você a utiliza, ela removerá os endereços da web das páginas que você visitou na página de Histórico e atalhos para essas páginas na página de Guias. Além disso, ela deixará de mostrar previsões para esses sites na barra de endereços.
A nova opção pode ser útil em situações em que você não deseja apagar uma hora inteira de dados, mas apenas suas pesquisas mais recentes e o mais rápido possível. Cada um pode ter suas próprias razões para fazer isso (piscadinha). Uma delas pode ser, por exemplo, se você compartilha seu dispositivo com outra pessoa e não quer que ela veja suas pesquisas mais recentes. Mas, em geral, isso não fará uma grande diferença para sua privacidade.