O ano em artigos: escrevemos, bloqueamos e conquistamos + Dicas de higiene digital
O ano novo chegou, mas ainda há tempo de olhar para o ano passado com as suas novidades da indústria: algumas boas, outras nem tanto. Novas tendências também surgiram: nós vimos as ferramentas de inteligência artificial entrarem para o mainstream, anúncios saindo da TV direto para as plataformas de streaming e as técnicas rastreamento tornando-se cada vez mais sofisticadas e difíceis de despistar.
No fim das contas, entre desafios e tribulações, muito aconteceu no ano que passou, e nós estamos mais do que preparados para este ano que já começou. Para te ajudar a se sentir pronto para encarar 2023, nós fizemos uma lista atualizada de regras a serem seguidas para que você mantenha os seus dados em segurança e com toda a privacidade que eles merecem. Se quiser, você pode pular a restrospectiva e ir direto para a nossa checklist, ou então ficar conosco enquanto dizemos adeus ao ano passado e refletimos sobre tudo o que escrevemos e comentamos em 2022.
Google: o vilão do ano, e outros gigantes de tecnologia
Nós escrevemos muito sobre os gigantes de tecnologia. E isso não é porque temos algum tipo de obsessão com o Google, a Apple, a Meta ou qualquer outro, mas sim porque o impacto dessas empresas na indústria vem crescendo e cada um de seus pequenos passos (ou passos em falso, como ocorre frequentemente) podem afetar centenas de milhares de pessoas.
As Big Tech lucram muito ao vender seus dados para anunciantes, e nós tentamos fazer as contas e descobrir quanto exatamente. Mas, entre estes gigantes, um se destaca: o Google. Este ano, o Google começou a testar o “Privacy Sandbox”, um conjunto de regras e padrões que tornaria os anúncios menos invasivos e protegeria os usuários do rastreamento. Por mais que isto inclua algumas iniciativas interessantes, acreditamos que isso não passa de uma cortina de fumaça. Explicamos em detalhes o porquê e o que podemos fazer com relação a isso neste artigo.
Foto: Dylan Carr/Unsplash
Em geral, é difícil acreditar em empresas que constantemente não cumprem suas promessas quando se trata de restreamento e proteção de dados. É como diz o ditado: um ato vale mais do que mil palavras. Se as palavras não terão conseguências práticas também no caso da Apple, nos resta ainda descobrir: a empresa que prometeu não transformar seus consumidores em produtos está agora construindo o seu próprio império de anúncios, e isso não é nada animador.
Domando as feras os gigantes da tecnologia
As Big Techs existem, mas as pequenas empresas de tecnologia também têm seu espaço e, às vezes, cabem literalmente na palma da mão e se misturam com o ambiente… ouvindo silenciosamente. Apesar de seu tamanho, tecnologias inteligentes conectadas à internet podem ser também perigosos quando se trata de privacidade.
Nós discutimos um pouco sobre como os assistentes de voz podem, de forma secreta, gravar e compartilhar suas conversas pessoais e sobre as precauções necessárias; escrevemos sobre os perigos das babás eletrônicas e demos sugestões sobre como proteger-se. Por fim, nós mergulhamos no universo fascinante da tecnologia wearable que, por um lado, está salvando vidas (com seus cintos de detecção de queda, solados com rastreamento e relógios que monitoram níveis de açúcar no sangue), mas, por outro lado, representam riscos de privacidade e segurança inevitáveis.
Tendências em que você precisa ficar de olho
Dispositivos inteligentes vêm de forma lenta, mas inevitável, tomando conta de todas as esferas de nossas vidas: prática de esportes, academia, moda, reformas, saúde, policiamento... E a lista só aumenta. Mas estas não são nem de longe as únicas tendências que chamaram a nossa atenção.
O AdGuard não existiria se não fosse pelos anúncios, e você pode chamar isso de uma relação de amor e ódio, um tipo de codependência. Assim, devido à natureza de nosso trabalho, nós ficamos de olho em tudo o que acontece no nem tão admirável mundo novo da publicidade. Neste ano, provedores de serviços para smart TVs continuaram a usar técnicas de rastreamento e publicidade intrusivas, como anúncios “puláveis” e “compráveis”, sobre os quais você pode ler mais e aprender sobre como podemos te ajudar com isso. Ainda mais alarmante é o fato de que os anúncios estão tomando conta dos serviços de streaming: a queda do último serviço completamente ad-free, a Netflix, marca o fim de uma era. E tem mais: ao ver como até mesmo montadoras estão introduzindo assinaturas, nós temos medo de que os anúncios possam invadir os carros também.
Em meio ao show de horrores, nós também presenciamos alguns momentos positivos. Órgãos de regulamentação de diversos países conseguiram desafiar com sucesso o monopólio das lojas de apps da Apple e do Google, e nós esperamos que a dupla enfrente aina mais limites nos próximos anos, já que sua dominância é prejudicial para desenvolvedores, que têm que lidar com altas comissões e processos de revisão obscuros, e para os usuários. Na prática, o que ocorre é que a Apple e o Google têm total controle sob todos os meios de inovação e competição. Como vimos esse ano, os gigantes da tecnologia não perdoam aqueles que desafiam a sua supremacia.
Outra tendência que vem ganhando espaço é o crescente desencantamento com os antigos modelos de redes sociais, repletos de anúncios. Resta saber se a ascensão de apps de redes sociais sem anúncios como o BeReal e o Mastodon veio para mudar de vez a forma como enxergamos estas plataformas. Acreditamos que não se trata de um simples fato, mas o sinal de algo maior que está por vir.
Photo:Alex Knight/Unsplash
Por último, mas não menos importante, vale mencionar a recente adoção de ferramentas com base em Inteligência Artificial. A sensação é de que absolutamente todo mundo está se divertindo com os geradores de imagens a partir de textos e apps de edição de fotos com base em IA. Nós concordamos que eles, de fato, são muito divertidos, e acamos criando nossas imagens também. Mas por trás disso tudo, há um lado negro nas Inteligências Artificiais: elas são treinadas a partir de uma enorme quantidade de dados pessoais e/ou protegidos por direitos autorais, sem autorização prévia, como visto no caso de seu assistente de programação do GitHub, Copilot. Além de isso tudo ser questionável sob os pontos de vista ético e legal, as AI também representam uma ameaça à privacidade.
Eles deram o que falar: Elon Musk, Mark Zuckerberg, Internet Explorer
Nós sempre tentamos ficar de olho nas tendências, mas são os indivíduos que geralmente roubam toda a atenção para si. Neste ano, algumas pessoas estiveram nos holofotes com certa frequência: o novo CEO do Twitter, Elon Musk, que, ao nosso ver, tem poucas chances de colocar alguma ordem no caos do Twitter; Mark Zuckerberg apostou tudo no metaverso em uma tentativa de resgatar o que restou da Meta, mas seu plano está mais para um roteiro de filme desastroso. Seus ataques à Apple não colaboram em nada com essa situação
E a menção aos destaques do ano passado não estaria completa sem um "In Memoriam". Neste ano, nós demos adeus ao Internet Explorer como o conhecemos. O alvo de piadas e, certamente, o navegador menos amado de todos foi encerrado pela Microsoft, tornando-se apenas um modo do Edge. Em nosso obtuário para o Internet Explorer, reunimos detalhes sobre as nossas dificuldades em bloquear anúncios no navegador e, pode ter certeza, nós não sentiremos falta dele.
Humano, apesar de tudo: nadando contra a corrente para se proteger
O desejo de ser reconhecido e de descar-se em meio à multidão é parte essencial da natureza humana. Para nós, hoje em dia, a forma mais fácil de alcançar isso tudo é através das redes sociais e, se você não faz parte delas, pode ser que te considerem um pouco esquisito. Mas tudo exige um equilíbrio.
Compartilhar mais do que deveríamos pode nos trazer inúmeros problemas, como facilitar que criminos roubem seu dinheiro e sua identidade, com alguns casos incluindo até mesmo consequências fatais. Pode ser que a sua identidade digital não descanse em paz após a sua morte, sendo devido a roubos de identidade, aquisição de dívidas ou sofrimento por parte de quem você mais ama. Por mais que isso pareça um pouco macabro, é prudente considerar a proteção de sua identidade online de abusos post-mortem. Nós escrevemos sobre como fazer isso (e também sobre como "viver para sempre" como um avatar digital, se isso for de seu interesse).
Foto: Adem AY/Unsplash
O conselho geral é sempre compartilhar o menos possível e pensar antes de postar qualquer coisa. Pode ser que nem isso seja suficiente. Técnicas de rastreamento evoluem constantemente: um novo método de fingerprinting, por exemplo, permite que você distingua duas GPUs aparentemente idênticas. Leia mais sobre o quer é fingerprinting, porque isso representa o futuro do rastreamento e como você pode ocultar os seus rastros.
Os verdadeiros vilões
O Papai Noel certamente não levou nenhum presente para aqueles que violaram a privacidade dos usuário de maneira indiscriminada, hackearam empresas ou abusaram de seu poder fazendo vítimas que sequer suspeitavam do que estava ocorrendo. No ano passado, nós cobrimos várias histórias desse tipo.
Uma delas envolveu uma firma chamada SafeGraph, que coletava dados sensíveis sobre a localização de usuários a partir de aplicativos e os vendiam em pacotes. Já outra envolveu hackers do Lapsus$, envolvidos em um roubo de dados em massa. Nós também escrevemos sobre um policial que usava uma ferramenta de vigilância do trabalho para stalkear mulheres no Snapchat, um caso que serve como perfeito exemplo de que existem muitas pessoas mal intencionadas por aí.
Estas histórias servem como lição para nós: nossos dados não estão seguros nem na mão das grandes corporações, nem do governo. Pensar que você não tem nada a esconder e, assim, não despertaria interesse nenhum em hackers ou na polícia apenar faz com que você tenha um falso senso de segurança. Quanto mais dados o governo e os gigantes da tecnologia acumulam, mais risco de vazamento e mal uso existe.
Para te ajudar a se proteger disso tudo, nós preparamos uma lista de regras e recomendações a serem seguidas.
Regras para manter seus dados seguros e privados
As regras que você encontrará abaixo são baseadas em princípios básicos de higiene digital. A lista não é exaustiva e, por mais que tenhamos buscado cobrir os básicos, te convidamos a contribuir.
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Use senhas de 14 caracteres com números, símbolos e letras em caixa baixa e alta: quanto mais longa for a senha, mas difícil será descobrí-la. Em vez de escrever suas senhas em um pedaço de papel ou em um arquivo de texto, use um gerenciador de senhas que irá gerar senhas únicas, que serão armazenadas com segurança.
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Ative a autenticação em 2 fatores em todas as suas contas e dispositivos e use um app autenticador: ela adicionará outra camada de segurança para as suas contas e um app autentificador irá gerar um código de verificação direto em seu dispositivo. Isso é muito mais seguro do que usar um SMS.
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Não compartilhe informações privadas sobre você ou seus filhos nas redes sociais, até mesmo em mensagens diretas. Apps de mensagens de propriedade dos gigantes da tecnologia não são tão seguros quanto parecem: você pode ser vítima de algum hacker ou de um empregado sem escrúpulos com acesso ao seu perfil. Além disso, várias empresas por trás destes aplicativos são conhecidas por compartilhar dados com agentes da lei, então pode ser que eles mesmos saibam detalhes íntimos sobre a sua vida pessoal.
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Tenha cuidado ao utilizar serviços de edição de fotos, por exemplo, para remover o fundo de sua foto ou te tranformar em um personagem de anime. Os dados que você compartilha com estes serviços acabam nas mãos de empresas que podem utilizá-los para treinar redes neurais.
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Bloqueie os seus dispositivos com um código PIN ou biometria, seja biometria ou Face ID, para que ninguém tenha acesso facilitado aos seus dados.
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Certifique-se de que você não está sendo rastreado por um AirTag desconhecido. AirTags são os rastreadores Bluetooth da Apple. Se você tem um dispositivo Apple, você pode automaticamente receber um alerta de push se um AirTag estiver te seguindo por um longo período de tempo. Para encontrar AirTags pelo Android, você precisará de um app especial.
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Configure seus softwares e firmwares para atualizações automáticas, assim você não perderá nenhum patch ou correção importantes.
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Delete contas que você não usa mais: uma pessoa mal intencionada pode tomar conta de suas contas antigas sem que você perceba e coletar dados sensíveis a partir delas.
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Remova apps e softwares antigos, eles podem ser perigosos devido à falta de atualizações, além de oculpar muito espaço em disco e atrapalhar a performance de seus dispositivos.
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Mude as credenciais de fábrica do seu navegador para dificultar o acesso de hackers à sua rede doméstica.
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Se possível, altere os logins e senhas dos seus dispositivos inteligentes. Assim, você diminuirá o risco de ser hackeado e acabar funcionando como uma porta de entrada à sua rede doméstica.
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Não dê permissões a aplicativos que não precisem delas para sua máxima funcionalidade.
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Pense duas vezes antes de clicar no link de um email ou abrir algum arquivo em anexo. Lembre-se de que o endereço do remente pode ser falsificado.
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Tenha muito cuidado ao participar de pesquisar pagas, promoções valendo prêmios e quizzes. Se você realmente quiser participar, use um email alternativo.
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Faça backup de seus dados em um local separado, como um USB ou mesmo na nuvem, para ter certeza de que você não os perderá em caso de travamento, ataque de ransomware ou se o seu notebook for roubado.
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Instale a extensão de navegador AdGuard para bloquear anúncios, rastreadores, sites de phishing, adware e malware no Chrome, Safari, Firefox, Opera, Edge e Yandex.Browser. Para bloquear anúncios e rastreadores em todos os navegadores e dispositivos e não apenas em um navegador específico, instale o app AdGuard para Windows, Mac, iOS ou Android.
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Configure a filtragem DNS no seu roteador se você precisar proteger dispositivos sem compatibilidade com bloqueador de anúncios de rastreadores (como uma smart TV, por exemplo).
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Use o AdGuard VPN para ocultar o seu IP, esconda a sua localização real, mantenha o seu histórico de navegação em segredo e o seu tráfego, privado.
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Não confie em qualquer um. Alguns serviçoes VPN podem armazenar e compartilhar os seus dados e possuir rastreadores internos. Se uma VPN se apresenta como totalmente gratuita e com banda ilimitada, isso não é um bom sinal. Uma provedor VPN precisa compensar seus custos de hardware e desenvolvimento e, se você não paga por isso, alguém provavelmente está pagando para usar seus dados.
Atenção: seus dados possuem valor de mercado, e você não quer que eles acabem vendidos. Ao seguir as regras básicas de higiene na internet que estão nesta checklist, você estará zelando por sua privacidade e segurança. O AdGuard te ajudará com todo o resto.